Dicas e Roteiros

Parque Nacional da Chapada Diamantina

Há lugares na Terra onde a natureza foi tão caprichosa que é difícil acreditar que realmente existem… A Chapada Diamantina, na Bahia, é um deles. Um oásis no meio da caatinga, com tanta água quanto o necessário para a vida aflorar em abundância. Na região, não faltam locais para visitar entre os vários municípios que o Parque Nacional da Chapada Diamantina abrange, tanto dentro, quanto fora de sua área. Criado em 1985 com uma área de 152 mil hectares, o Parque abriga a Serra do Sincorá e está localizado nos municípios de Lençóis, Palmeiras, Andaraí e Mucugê.

Como o próprio nome diz, esta região já foi importante centro do garimpo de diamantes e de ouro, há muito abandonados. A região que compreende a Chapada é muito extensa, portanto é essencial pensar qual é o roteiro mais apropriado para seu tempo de permanência e tipo de atividades que quer. As distâncias são longas, mas vale a pena percorrê-las.

A vegetação, bastante eclética, varia desde matas tropicais até campos de altitude. A bromélia é a flor típica da região, mas também é possível encontrar orquídeas, sempre-vivas, velósias e cactos. Há 1,8 bilhões de anos a região era coberta pelo mar. As modificações no globo terrestre fizeram “o mar virar sertão” e deixar as maravilhosas formas de relevo no Parque.

A porta de entrada é a charmosa vila colonial que é a cidade de Lençóis, entrecortada pelo homônimo rio. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Lençóis é muito bem estruturada para o visitante inexperiente por disponibilizar uma grande quantidade de agências de turismo. Por suas ruas não faltam estrangeiros circulando, guias oferecendo seus serviços, restaurantes típicos, lojas com artesanato local e uma “agitada” noite. Suas inúmeras as pousadas e hotéis disponíveis, para todos os gostos e bolsos, que disputam quem oferece o melhor café da manhã da região.

Principais roteiros

Lençóis: Algumas caminhadas saem do Centro da cidade e bem próximo já é possível desfrutar de um banho de piscina natural, como a do Serrano, a apenas 15 minutos de caminhada. O local onde se originou a cidade era um antigo garimpo. Outro ponto bem próximo, um pouco acima do Serrano, é o Salão de Areias Coloridas, onde os artesãos locais recolhem mais de 30 cores diferentes de areia para fazer suas garrafas coloridas. Subindo o Rio Lençóis acima os próximos pontos são a Cachoeirinha, o Poço Halley e a Cachoeira Primavera (a mais distante de todas, cerca de 20 minutos acima da Cachoeirinha).

Ribeirão do Meio: A caminhada leva apenas uma hora (está a 4 km da cidade), em trilha bem batida e plana em quase todo o percurso. Não é necessário guia, mas não se afaste da trilha principal! O local conta com vários poços onde é possível desfrutar de deliciosos banhos de rio e de sol. O caminho começa perto da igreja do Rosário, na rua dos Negros.

Ribeirão de Baixo: Aproveite o Ribeirão do Meio até quase o sol se pôr e, na volta a Lençóis, desça o rio até o encontro com o rio São José, ou Ribeirão de Baixo, a apenas um quilômetro dali. Você terá de passar por uma parede de um pequeno cânion ou nadar por um trecho curto perto da desembocadura do rio. Portanto, não leve coisas que não possam molhar e não vá se o tempo estiver chuvoso. Chegando ao poço, pegue uma trilha na margem direita, que te levará até uma estrada usada pelos garimpeiros, a 3 km de Lençóis.

Cachoeira do Sossego: Linda cachoeira situada a 7 km do centro de Lençóis. Oferece um banho maravilhoso no Rio do Ribeirão. Em um dia é possível incluir neste mesmo roteiro o Ribeirão do Meio e o de Baixo. Não é uma trilha difícil para quem está acostumado a caminhar, mas para os menos inexperientes vale a pena a contratação de um guia, pois alguns pontos são traiçoeiros. Em seu final, a trilha segue pelo leito do rio, em meio a lindos cânions. Como a maior parte do caminho é feita por dentro do rio, de pedra em pedra, vale ficar atento a chuvas fortes, que podem acarretar “trombas d’água”. O ponto de partida é o mesmo do Ribeirão do Meio.

Gruta do Lapão: É a maior gruta de quartzito do Brasil. Esta rocha é extremamente dura e densa, sendo muito resistente à erosão da água. Está a cerca de 1h40 de Lençóis e a trilha começa próxima ao cemitério, subindo a serra do Lapão. É recomendado o acompanhamento de um guia dentro da gruta, já que é muito fácil se perder. O tempo mínimo sugerido para exploração, atravessando a gruta em toda a sua extensão, é de quatro horas. Saia cedo, para não subir a serra no calor do meio-dia. A saída da gruta é espetacular, com cerca de 40 metros de vão livre, onde é possível fazer rapel. Você pode voltar pelo caminho que chegou ou descer o Rio do Lapão, que é a opção mais interessante.

Mucujezinho: O rio passa muito perto da BR 242, no quilômetro 225. Esta é a porta de entrada para este simpático e próximo balneário. O nome vem de uma fruta nativa, mucugê, e é o primeiro rio de águas perenes para quem chega das regiões mais secas, a oeste da Serra do Sincorá. Ele nasce perto do Morrão, dentro do parque nacional, recebendo água de muitas serras da região. Por isso, corre sempre forte e frio. Por ser de tão fácil acesso, acaba enchendo muito nos finais de semana. Ainda assim, é uma ótima opção para banhos. O Poço do Diabo está a apenas dez ou quinze minutos (1km) do carro, por uma trilha bem marcada que acompanha o leito do rio.

Cachoeira da Fumaça: O começo desta caminhada está na vila de Capão Grande (ou Caeté-Açú). A trilha é bem marcada e, normalmente, está bem conservada. Para quem está acostumado a fazer trilhas, não é necessário o acompanhamento de um guia. Pode ser conveniente contratar uma agência pois o caminho é distante de Lençóis e as empresas de turismo acabam fechando um pacote que inclui transporte e guia. O nome da cachoeira vem do fato dela cair de uma altura tão grande (340 m) que a água se espalha como uma névoa bem fininha, muito antes de tocar o chão, dando impressão de que virou fumaça. A trilha dá acesso a parte de cima da cachoeira, que é cercada por impressionantes paredões, como se formasse um anfiteatro. Também é possível acessá-la por baixo, por uma trilha mais longa, esta sim com necessidade de um guia.

Morro do Pai Inácio: É um dos cartões postais da Chapada e, apesar de super turístico e fácil de chegar a seu cume, é um passeio clássico e imperdível. Está localizado no km 231 da BR-242 e o acesso é feito por carro até quase o topo, por uma estrada de terra que leva a uma torre. Há um pequeno estacionamento e, a partir daí, é necessário o acompanhamento de um guia credenciado (das agências locais) ou de um monitor, por se tratar de área particular. Os monitores fazem plantão desde cedo até às 17h, quando o acesso é fechado. Leva-se de 20 a 30 minutos para subir o caminho íngreme mas muito fácil. O cume está a 1.150 m. e tem uma vista deslumbrante de boa parte da Serra do Sincorá, com o Morrão dominando um lado da vista e o Morro do Camelo no outro.

Xique-Xique de Igatu: Esta cidade é histórica, com muitas ruínas de casas antigas e uma população muito pequena (uns 300 moradores). Construída na época do garimpo, servia de apoio aos garimpeiros por estar situada entre Mucugê e Andaraí. Chega-se pela BA-142. Outra opção é subir andando pelo caminho que vai de Andaraí a Igatu, sendo esta uma das trilhas mais bonitas da região, bem aberta, pavimentada de lajes e fácil de fazer. São cerca de seis quilômetros até Igatu (duas horas).

Poço Encantado: Como o nome diz, este é um daqueles lugares mágicos que você só acredita vendo. Uma lagoa de águas cristalinas dentro de uma gruta. Seria apenas isso não fosse a cor de um azul tão intenso que parece saído de uma cartela de tintas. A melhor época para visitá-lo é junho e julho, quando a luz entra pela boca da gruta e ilumina com um feixe de luz a água cristalina. O melhor horário para visitar é das 11h ao meio dia. Está a 44 km a sudeste de Andaraí. Basta seguir a estrada para Mucugê (BA-142) e após 20 km, na estrada para Itaité, seguir a placa indicativa. A estrada é toda asfaltada até a entrada do Poço, que é tombado e tem o acesso controlado pelo “Miguel do Poço Encantado”, guia e guardião. Paga-se a presença do guia, que é obrigatório. Apesar de ser um rio subterrâneo, a água está quase parada e, por isso, não é permitido o banho no local, para não poluir. É um dos cartões postais da Chapada Diamantina e um dos lugares mais lindos da região.

Poço Azul: Apesar do nome, seu azul é bem menos intenso que o do Poço Encantado. Como o rio corre bem mais rápido, é permitido o banho em suas águas límpidas. Também aqui existe a incidência dos raios solares pela boca da gruta, acentuado no mês de agosto. É necessário um guia para visitá-lo (eles estão de prontidão na entrada da gruta) e o acesso se dá por estrada de terra, dentro de fazendas. É comum visitá-lo depois do Poço Encantado, por estarem relativamente próximos. O Poço Azul ficou conhecido quando um mergulhador tirou uma ossada quase intacta de uma preguiça gigante (Megatério), de aproximadamente dez mil anos. Vale a pena levar uma máscara de mergulho pois a água é tão transparente que impressiona…

Gruta da Lapa Doce: É considerada a terceira maior gruta do Brasil, com 24 km de extensão mapeados. Apenas um km é mostrado ao visitante. É necessário o acompanhamento de um guia e paga-se uma taxa de entrada. Fica na BA-122, que está mais ou menos a 20 km do Pai Inácio, seguindo pela BR-242. Placas indicam o caminho.

Gruta da Pratinha: Ela está do outro lado da Lapa Doce. Apenas atravesse o asfalto e ande sete quilômetros de estrada de terra, passando pela vila Lagoa de Santa Rita, até a Fazenda da Pratinha. A água sai da gruta e deságua em um rio cristalino, azul clarinho, cheio de peixes (Rio Santo Antônio). Um verdadeiro oásis no meio do sertão. É bonito, mas o entorno está já bastante alterado com restaurante, banheiros e vestiários, escadarias etc. Paga-se para tomar banho na lagoa da Pratinha e outra taxa se quiser mergulhar na gruta, acompanhado de um guia (obrigatório). Esta taxa para o mergulho inclui o aluguel das máscaras, nadadeira, colete etc.

Gruta Azul: Esta pequena gruta fica pertinho do estacionamento da Pratinha. Não é permitido tomar banho. A luz do sol batendo na água deixa tudo azul-esverdeado. Muito bonito.

Caminhadas mais longas e travessias

A Chapada Diamantina oferece uma grande variedade de roteiros de caminhadas mais longas para os que gostam de trekking. Aliás, a melhor forma de conhecer a região é a pé. É recomendável sempre levar um guia, ou pelo menos alguém mais experiente que já tenha feito a trilha. Algumas podem ser feitas de bicicleta. Procure sempre se informar antes de partir para algum trajeto e boas trilhas.

Morrão ou Monte Tabor/ Lençóis: Esta trilha pode ser feita em um dia tranqüilamente, para aqueles que caminham bem e têm boa noção de trilhas. Este vale é cortado por alguns rios e riachos e a vegetação é densa e fechada perto da água. Ao passar pelo Morrão, seguindo a esquerda, entrará em um vale que o levará para Lençóis. Se seguir a direita, seguirá para Capão – outra opção desta belíssima e não muito freqüentada trilha. São cerca de 26 km. Antes de chegar a Lençóis, vale aproveitar e tomar um banho no Serrano, já que está no caminho.

Cachoeira da Fumaça por baixo: São três dias de caminhada (ida e volta) e se acessa a cachoeira por baixo da queda, dentro do vale. Dois caminhos podem ser usados: pela Serra do Veneno (exige o uso de um guia) ou seguindo o rio Capivara. Este último roteiro, apesar de ser mais longo, não exige o guia desde que seja feito com a presença de pessoas experientes.

Capão / Paty / Mucugê / Igatú / Andaraí: Partindo do Capão, são quatro dias caminhando quase o tempo todo pelos campos abertos dos gerais. Em muitos trechos a trilha sumiu, por isso a presença de um guia é altamente recomendável. Pode ser feito apenas parte dele. Informe-se com os guias locais.

Lençóis / Capão: São 25 quilômetros e podem ser feitos em um longo dia (cerca de oito horas). Ou em dois dias curtos, aproveitando uma noite no coração da Serra do Sincorá.

Pai Inácio / Lençóis: Pode ser feito também no sentido inverso mas, aí, será serra acima… Pegue a BR 242 em direção ao Pai Inácio. É recomendável um guia pois, apesar de ser fácil de seguir a antiga estrada, alguns trechos podem confundir. São 14 quilômetros (cerca de seis horas).

Andaraí / Paty / Cachoeirão: Cerca de 32 km (ida e volta) que vale a pena serem feitos em três dias, com acompanhamento de guia.

Mucugê / Paty de Cima (via Gerais do Rio Preto): São 26 km de um percurso difícil, que pode durar mais de 10 hs. Um guia é fundamental.

Como chegar

De carro o acesso se dá pela BR-324 até Feira de Santana, depois pode seguir pela BR-116 até o entroncamento com a BR-242 (Bahia-Brasília) ou utilizar a BA-052 até Ipirá (esta com menos buracos), seguindo pela BA-488 até Itaberaba. A partir desta cidade os dois caminhos seguem iguais sempre pela BR-242. Uma rodovia estadual com 12 km separa Lençóis da estrada Bahia-Brasília.

Para quem vai de avião, a Nordeste Linhas Aéreas oferece um vôo na linha São Paulo/ Ribeirão Preto / Lençóis / Salvador, em avião Jet Class (50 lugares). A Nordeste e a AeroStar oferecem, também, dois vôos Salvador – Lençóis – Salvador, semanais. A Pantanal Linhas Aéreas tem o vôo São Paulo – Belo Horizonte – Lençóis, ida e volta, aos domingos, em avião ATR-42 (42 lugares).

Outra opção é pegar um vôo até Salvador e de lá seguir de ônibus. A viação Real Expresso é a única que faz o roteiro Salvador-Lençóis. Outras alternativas de viação como Itapemirim, São Geraldo, Águia Branca, Rápido Federal e Novo Horizonte são possíveis, dependendo da região de origem.

Chapada Diamantina com Trilhas & Rumos

Para quem pretende caminhar muito na Chapada e realizar travessias o ideal é utilizar uma cargueira bem confortável. Uma boa opção é a Montanha (75 litros), principalmente para quem precisa de mais espaço. Ideal para grandes caminhadas, possui armação em alumínio e regulagem das alças em cinco pontos. O acesso pode ser pela tampa ou pelo frente. Toda feita em náilon grosso, sendo ideal para uso super pesado e intenso. Outra alternativa é a mochila Crampon 68, que possui bolso frontal que pode ser destacado, virando uma pequena mochila de ataque.

Lembramos também que será necessário saco de dormir, isolante térmico, cantil, anorak e um calçado adequado, já devidamente amaciado, devendo ser usado por pelo menos um mês antes da viagem, para que se adapte ao contorno dos pés, prevenindo diversos problemas durante a caminhada.

O saco de dormir que sugerimos é o Micro Pluma, que tem apenas 1kg. E para o isolamento térmico, uma alternativa boa é o Isolante Light, que pesa apenas 300g e possui uma face aluminizada que deve ser colocada em contato com o corpo, aumentando a proteção térmica. Pensando em segurança, é recomendável levar um kit de primeiros socorros, como o Estojo SOS da Trilhas & Rumos, ideal para guardar bandagens, esparadrapo e curativos.

Pensando na economia de peso para quem vai acampar e carregar a barraca nas costas, a melhor alternativa para duas pessoas é a barraca Cota 2, que pesa 3,3 Kg. Com formato iglu, seu novo modelo possui duas entradas e armações marcadas com sistema de cores para facilitar a montagem.

Apesar da região ser muito quente, para aguentar algum vento inesperado ou um pouco de frio dentro das cavernas sugerimos o Corta-vento Minuano, que é muito leve e compacto e indispensável para ter sempre no fundo da mochila.

Para saber mais:
www.guialencois.com.br
www.guiachapadadiamantina.com.br
www.eco.tur.br/ecoguias/diamantina/areas/parques/diamantina.htm
www.bemtevibrasil.com.br/diamantina.html
www.cidadeshistoricas.art.br/chapada/index.php
www.webventure.com.br/destinoaventura/destinos/index/exibe/destino/chapadadiamantina
www.cidadeshistoricas.art.br/chapada/index.php
www.feriasbrasil.com.br/ba/chapadadiamantina/
www.visiteachapada.hpg.ig.com.br/diamantina.htm

Por Márcia Soares, março de 2010.


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