Dicas de Uso

Cicloturismo

Viajar utilizando como meio de transporte a bicicleta. Esta é a definição de cicloturismo, atividade saudável, econômica e ecológica, que a cada dia incorpora mais adeptos no Brasil. Atividade muito comum na Europa, o turismo com bicicleta permite conhecer melhor os locais por onde se passa e ver de perto outras culturas, costumes e paisagens.

Para praticar o cicloturismo, o principal item é a bicicleta, que deve ser confortável, forte e permitir acesso a qualquer tipo de chão, seja asfalto ou terra. Garantir sua manutenção com revisões periódicas é essencial. Além disso, é necessário ter noções básicas de como montá-la e desmontá-la, aprender a ajustar a corrente, regular freios e consertar pneus. Cada item da bicicleta deve ter um cuidado especial. Por exemplo, qualquer tipo de extensão no guidão é bem-vindo já que é comum ficar várias horas por dia pedalando. Quanto mais opções de posicionamento melhor.

O cicloturismo é uma atividade que exige autonomia, ainda que praticada em grupo. Por isso, para aproveitar todas as vantagens que a atividade oferece é fundamental ter um bom planejamento antes de partir. Quanto maior o cuidado na preparação de uma viagem, maior a chance dela ocorrer tranqüilamente. Não há humor que resista à bagagem caindo toda hora, a falta de ferramentas adequadas ou ainda a um esgotamento físico. Se informe bastante sobre o roteiro que pretende fazer, sobre o relevo de onde pretende passar, especialmente se for a primeira vez. Isso será essencial para seu planejamento.

Não se deve carregar nada nas costas, a bicicleta deve ser capaz de comportar toda a bagagem e equipamentos que serão necessários na viagem. Além de impedir o ciclista de relaxar o pescoço e ombros, uma mochila nas costas pode provocar queda, ao desequilibrar o ciclista numa curva ou manobra mais rápida. Além disso, uma simples pochete já pode ser um incômodo após muitas horas de pedalada.

Não é necessário ser atleta ou um ciclista experiente para se viajar de bicicleta, basta manter um bom condicionamento físico, não ser sedentário, ir com calma, respeitar os próprios limites, beber água e alimentar-se na hora certa. O roteiro deve estar de acordo com seu condicionamento. Para os iniciantes, é recomendável começar pedalando pouco nos primeiros dias e ir aumentando até encontrar uma boa média diária. Em viagens longas, a partir da segunda semana já se percebe melhora no rendimento. Para melhorar o preparo físico antes da viagem a melhor dica é pedalar bastante.

Quase mais importante que o preparo físico é o preparo psicológico para enfrentar distâncias e certo desconforto. Afinal de contas, você estará completamente fora de sua rotina de vida, alimentação, sono e aconchego do lar, especialmente se for acampar e cozinhar seu próprio alimento. Claro que sempre existe a opção do cicloturismo com suporte, por meio da contratação de empresas de turismo especializadas que providenciam toda a infraestrutura: roteiro, hospedagem, alimentação, transporte de seus pertences e guia.

Cicloturismo não é competição, não há vencedores nem perdedores, por isso é recomendável aproveitar o caminho inteiro e não só a hora da chegada. Bicicleta sempre foi associada com liberdade. Nada mais natural, sair por aí conhecendo lugares novos pedalando. Esse é o princípio do cicloturismo. Os locais podem ser desde o bairro, a cidade vizinha ou o mundo… A viagem pode durar um final de semana ou um mês, o que muda é a preparação e a logística do passeio.

Como afirma Antonio Olinto, idealizador do Projeto de Cicloturismo no Brasil, o cicloturismo será considerado um esporte radical todas as vezes em que o trajeto escolhido passar por regiões desoladas ou de alto risco. “Além de desenvolver no homem a coragem, ele provoca uma introspecção muito grande. A cadência do pedalar é como um mantra sendo repetido de forma constante e rítmica. Quando atravessamos uma planície logo estamos em meditação. A introspecção provocada pelas travessias em áreas isoladas leva o aventureiro a um conhecimento que está muito além de novas línguas, costumes e povos. Leva o homem a uma viagem interna de autoconhecimento. Mais que os desafios do mundo o cicloturista enfrenta a si mesmo. Para mim o homem é sua última fronteira”, acredita.

Equipamentos básicos

Bicicleta – Sem dúvida, a bicicleta é o principal equipamento do cicloturista. Ela deve ser adequada ao roteiro que se pretende enfrentar, e às características do ciclista. Por conta das condições das estradas brasileiras, e porque geralmente se percorrem estradas com terra, pedra e areia, o cicloturismo aqui é feito quase que exclusivamente em mountain bikes. Se a viagem for somente em rodovias (o que é raro) até se poderia outro tipo de bicicleta. Ainda assim, há buracos para serem enfrentados pelo caminho. É fundamental levar acessórios para remendar pneus e ferramentas para eventuais consertos. O tamanho do quadro deve ser adequado à sua altura, lembrando sempre das proporções de perna, braços e tronco. Atualmente as bicicletas de alumínio são as mais usadas, por conta de economia de peso. Um selim confortável é fundamental, de preferência com uma capa de gel! Freios, marchas, catracas, são outros itens que merecem atenção.

Odômetro – O mais simples, com funções básicas de medir velocidade, distância total e parcial, já é suficiente. É muito importante que o ciclista tenha sua própria marcação pois as informações de distância recebidas pelo caminho nem sempre conferem.

Bagageiro – Servem para acomodar uma quantidade de bagagem que seria impossível carregar nas costas. Sua fixação na bicicleta deve ser muito bem feita para que não atrapalhe a pedalada ou retirada das rodas. Existem bagageiros dianteiros e traseiros, sendo este último o mais usado.

Alforje – Essencial para que o peso seja colocado mais próximo do chão, dando maior estabilidade à bicicleta. Há diversos modelos no mercado, feitos em diferentes materiais. Sua arrumação deve ser feita de forma cuidadosa, para que os itens mais usados fiquem de fácil acesso, na parte de cima.

Caramanholas – Ajudam a manter uma hidratação adequada durante a viagem. É recomendado ter no mínimo duas, instaladas no centro do quadro. As de cores claras deixam a água fresca por mais tempo.

Espelho retrovisor – Além de obrigatório por lei, é fundamental para a segurança e melhor pedalada do ciclista.

Pedaleiras – Também conhecidas como firmas-pé, aumentam o rendimento e ajudam a manter uma melhor pedalada. O calçado a ser usado deve estar adequado a elas.

Farol e luz traseira – Ainda que a intenção não seja pedalar à noite, são equipamentos de segurança que não podem faltar. E o farol ainda pode ser utilizado como lanterna. Além disso, o uso de adesivos refletivos, na bicicleta e no corpo, é muito recomendado.

Capacete – Apesar de não ser obrigatório, é outro item de segurança imprescindível.

Vestuário – A bermuda de ciclismo é muito importante para evitar assaduras entre as coxas. Elas possuem um acolchoamento que ajudam a minimizar as dores nas nádegas. Lembre-se que sempre pode chover, então levar um anorak é fundamental. A Trilhas & Rumos tem diversas opções de para enfrentar a chuva,clique aqui e confira.

Acampamento – Para viagens que exige acampamento, é recomendável levar os itens convencionais comobarraca, saco de dormir, isolante térmico, fogareiro (para quem vai cozinhar), de preferência os modelos mais leves, para não aumentar muito o peso na bicicleta.

Onde praticar

Há belas travessias de serra a serem percorridas com bicicleta: Cunha a Parati (SP-RJ); São José do Barreiro a Angra dos Reis (serra da Bocaina); os pampas gaúchos; Serra da Canastra (MG); Estrada Real (MG), Chapada Diamantina (BA); Serra da Mantiqueira (MG-SP-RJ); Lençóis Maranhenses (MA); vales do Paraíba e do Ribeira (SP); Vale do Itajaí (SC) e ainda muitos locais no interior dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

No Exterior, os bikers também escolhem destinos parecidos com os de trekking, como o caminho de Santiago de Compostela (França-Espanha); as Montanhas Rochosas (Canadá); Califórnia (EUA); Tibete (China); Ilha de Páscoa (Chile); Patagônia (Argentina); Austrália e Nova Zelândia. Ou roteiros urbanos, como as vilas francesas e italianas, além de Luxemburgo e Bélgica.

Dicas e precauções

Algumas precauções devem ser tomadas, para garantir uma cicloviagem bem sucedida:

– As estradas de terra são mais aconchegantes e desertas. Vale optar por elas quando houver possibilidade. Entretanto, se precisar pedalar nas rodovias, tome cuidado redobrado devido a má condição das estradas brasileiras e ao pouco cuidado que os motoristas costumam ter com ciclistas.

– Mantenha sempre familiares ou amigos informados de sua localização e roteiro. Hoje, com a praticidade do celular, é possível manter contato contínuo sobre seu paradeiro.

– Se for viajar em grupo, escolha bem seus parceiros pois você poderá passar muitos dias em convivências com eles, especialmente em viagens mais longas. Além disso, as decisões precisarão ser tomadas coletivamente, para que todos se sintam confortáveis: onde dormir, quanto pedalar a cada dia, em que horários se alimentar…

– Leve sempre um bom estojo de primeiros socorros. Nunca se sabe o que pode acontecer.

– Preste atenção no peso em que vai carregar em sua viagem. Quanto mais leve, melhor.

– Sobre o seu percurso e relevo, hoje a tecnologia permite facilmente o uso de GPS ou telefones com acesso a Google Maps. Caso não tenha esta disponibilidade, é recomendável levar bússola e os roteiros impressos.

– Veja a distância entre os locais onde você terá suporte (de banco, supermercados, restaurantes, farmácia…) para que nos intervalos não passe alguma necessidade.

– Em média, a bagagem completa incluindo material de camping e comida, fica em torno de 30 a 35kg, sem contar a bicicleta. Em travessias muito longas (meses), e em lugares muito frios, que exigem maior quantidade de equipamento, este peso chega a 45 kg.

– A arrumação da bagagem na bicicleta é um item que merece atenção. A disposição ideal seria de 30% no bagageiro dianteiro, 60% no bagageiro traseiro e 10% espalhados entre as bolsas menores: de selim, guidão e quadro (bolsas triangulares).

– Leve capas para os alforjes e muitos sacos plásticos para o caso de chuva. Mesmo dentro dos alforjes, ensaque tudo o que for muito importante permanecer seco (roupas, filmes, mapas, documentos e outros).

– O melhor descanso para uma pedalada muito puxada é uma pedalada leve no dia seguinte. O efeito bem melhor do que ficando parado.

– Lembre-se sempre que a diferença de velocidade entre o ciclista e os outros veículos é grande, mesmo em acessos ou saídas. Por isso, sempre sinalize suas intenções.

 

Fontes de consulta:
clubedecicloturismo.com.br
ondepedalar.com
revistaturismo.com.br
escoladebicicleta.com.br
olinto.com.br
bikersclub.com.br

Por Márcia Soares, dezembro de 2009.

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