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Bariloche, Parque nacional Nahuel Huapi, Vale do Frey (Argentina)

A região no entorno da cidade de Bariloche, na Argentina, muito procurada por aqueles que gostam de esquiar, é também um verdadeiro paraíso para escaladores e caminhantes. Um de seus principais atrativos é o Parque Nacional Nahuel Huapi, que compreende uma área de cerca de 710 mil hectares e é hoje um dos maiores centros de desenvolvimento do turismo ecológico no país. Primeiro parque criado na Argentina (em 1934), abriga um grande algo que deu origem ao seu nome, e que na língua Mapuche quer dizer isla del tigre. Possui paisagens impressionantes que inclui lagos, rios, cachoeiras, vales, geleiras, montanhas e picos nevados.

Entre as principais atrações turísticas do parque estão suas montanhas, como os “cerros” Otto, Campanário, Tronador e Catedral. Do Campanário, com 1.049 metros de altitude, é possível ter um belo visual do Lago Nahuel Huapi, da Lagoa do Trebol, da Isla Victoria, do Cerro Otto e do centro de Bariloche. O percurso é feito de chairlift (uma pequena cadeira). Do Otto, cabines de teleférico transportam até quatro pessoas até os 1.405 metros de altitude, em cerca de 15 minutos. No topo, um restaurante envidraçado faz rotações para uma visão panorâmica.  Dispõe de pista de esqui também.

Já no Cerro Catedral, distante 20 km do centro de Bariloche, está localizado o principal complexo para esqui e snowboard, com ampla infra-estrutura de cafés, restaurantes e escolas para prática de esportes de inverno. Seus 70 m de pistas na neve dispõem de opções para todos os níveis de esquiadores, e aulas para iniciantes de todas as idades. Além de toda a estrutura que possui para esquiadores, é considerado também um dos locais mais tradicionais para a escalada em rocha na América do sul. Lá predominam vias de fissuras em granito. Sua torre principal tem 2.400 metros de altitude. A maioria das vias tem acesso fácil, a graduação é variada e a extensão das vias vai de uma a seis cordadas. O Clube Andino, que tem sede no centro de Bariloche, vende um guia de escaladas do Cerro Catedral.

Para quem gosta de escalar no gelo e tem experiência, uma boa opção é o Cerro Tronador, distante de Bariloche uns 80 km. Localizado na fronteira entre Argentina e Chile, possui três cumes, e o mais alto está a 3.554 de altitude. Para chegar lá é preciso seguir em direção à localidade de Pampa Linda, onde há um centro de visitantes. A 13km de caminhada encontra-se o Refúgio Otto Meilling e mais 12km chega-se ao cume do lado Argentino (já é fronteira com o Chile). É possível contratar um guia local e alugar botas, crampom e piquetas no Refúgio. O nome Tronador vem do estrondo provocado pelo desprendimento de seus glaciares suspensos, que se precipitam no vazio por mais de 300 metros, despedaçando no fundo do vale.

Tanto no Cerro Catedral, quanto no Tronador, é possível alugar cavalos para levar a carga, mas lembre-se que esta prática aumenta a degradação das trilhas.

Se para os esquiadores a melhor temporada vai de julho a setembro, para quem quer escalar ou caminhar a melhor época do ano é de novembro a março, no verão. E, como vimos, local não falta para isso.

A criação do Parque Nacional Nahuel Huapi

Consciente de que as terras desta região deveriam ser preservadas para a humanidade, em 1903 o visionário Francisco Moreno, cientista e pesquisador argentino, escreve uma carta ao então ministro da Agricultura Argentina, doando suas terras e solicitando que fossem transformadas em “parque público”.

Esta doação permitiu que em 1922 fosse criado o Parque Nacional del Sur, primeiro da América do Sul. Na verdade, Moreno havia recebido as terras que tanto admirava em reconhecimento a suas descobertas na Patagônia e sua ajuda ao conflito de terras com o Chile, que o levou a ser chamado de Perito. Em 1934 foi criado o Servicio de Parques Nacionales, sendo criados também os Parques Nacionales de Iguazú e Nahuel Huapi, este último sobre a área do então sugerido Parque Nacional del Sur.

O primeiro superintendente do Nahuel Huapi foi Emilio Frey, um dos fundadores do Clube Andino Bariloche, criado por imigrantes austríacos e alemães em 1930, e que o presidiu durante 23 anos. Em sua homenagem, foi batizado um dos refúgios do clube: o Refúgio Frey.

Vale do Frey

O refúgio do Clube Andino oferece pouso, lanches, refeições e banho a preços muito acessíveis. Está localizado aos pés da Agulha Frey, rodeado de torres e agulhas rochosas, e próximo da lagoa Toncek, de águas verdes e frias, a 1700 metros sobre o nível do mar. Até o refúgio se chega unicamente a pé ou a cavalo. Toda a mercadoria, materiais e combustíveis seguem o mesmo caminho.

O refúgio em si é um dos mais pitorescos da região. Talhado do granito, seus parapeitos, arestas e outros detalhes de grande qualidade fizeram com que o edifício não contrastasse com a paisagem. Seu interior é revestido em madeira e seu teto é de tijolos.

Os serviços que são oferecidos são pernoite, refeitório, uso da cozinha, sanitários e quiosque. Durante o verão (de dezembro ao final de abril) é atendido por alguém designado pelo Clube. Em seu piso baixo há uma cozinha e um amplo refeitório com calefação a lenha. Em seu primeiro piso se encontram os dormitórios providos de colchões, cobertores e almofadas e as dependências do refúgio. Pode abrigar comodamente a 40 pessoas. Oferece comidas simples e energéticas. Apesar de ser mais frequentado no verão, o refúgio, inaugurado em 1957, permanece aberto também durante o inverno.

O Refúgio Frey não é a única alternativa de hospedagem. Para quem gosta, é possível fazer camping selvagem nas margens do lago, onde há várias clareiras abrigadas por blocos de rocha e bosques. É proibido fazer fogueiras (afinal, é área de parque), apesar de alguns desavisados fazerem.

Nos arredores do refúgio, se pode visitar a panorâmica do Pico Bara, excursão fácil por caminho de pedras, com excelente vista das torres do Catedral ou da Laguna Schmoll e do Filo, uma grande oportunidade de observar a cordilheira dos Andes “de cima”. Duas horas e meia entre ida e volta.

Cada vez mais, montanhistas e escaladores brasileiros têm frequentado o Vale do Frey, que se tornou um dos locais preferidos de escaladores pela qualidade da rocha. Nos arredores existem inúmeras torres de rocha granítica que oferecem inúmeras possibilidades para a prática do esporte, especialmente para as escaladas em móvel.

Como chegar

Os acessos mais utilizados para esta área, para quem vai para o Refúgio Frey, são por Villa Catedral, onde há duas opções: pelo teleférico das pistas de esquis, cuja trilha dá acesso à laguna Schmol, e logo à laguna Toncek; ou por cerca de 8 Km de trilha, beirando o Rio Vontiten. Outro acesso é pela Vila Los Cohiues, por cerca de 10 Km de trilha, sendo a metade final comum à trilha do Rio.

A forma mais convencional de ir é pela trilha eslovena, que começa em uma encosta da praça de estacionamento em Villa Catedral, aonde um grande cartaz de madeira com letras brancas anuncia o Refúgio Frey, visível desde a parada de ônibus. Deve-se seguir as flechas que orientam ao começo e uma vez dentro do largo caminho, andar por uns 30 minutos até que o caminho se transforme em uma trilha (sendero). Esta se dirige para o Sul até chegar ao Vale do Arroyo Van Titter aonde começa uma subida. Após duas horas de caminhada, se cruza a ponte sobre o mencionado Arroyo (rio) para chegar 20 minutos mais tarde à Piedritas, parada clássica de descanso. Uma hora mais e se chega ao Refúgio Frey, num total de três horas e meia de caminhada, mais ou menos, com nível de dificuldade fácil. O regresso à Villa Catedral é mais rápido, cerca de duas horas e meia pela trilha eslovena.

Bariloche com Trilhas & Rumos

A região de Bariloche exige atenção na escolha dos equipamentos, que devem ser os mais técnicos, tanto por causa das baixas temperaturas, como pela altitude a ser alcançada. Afinal, quanto mais conforto estes equipamentos puderem proporcionar, melhor.

Para carregar todo o material necessário pelas trilhas, recomendamos nossa maior mochila cargueira, aCrampon 80. Ideal para grandes caminhadas, possui compartimento para garrafas e cantil de hidratação, e ajuste rápido da estrutura de apoio pelo Quick Fit System. Com armação anatômica metálica, é feita com tecido resistente a rasgos (Kodramax II).

Para uso em ataque a montanhas ou em passeios curtos, sugerimos a mochila Alpina 43. Tem desenho que facilita o deslocamento em locais de mata fechada, boa ventilação nas costas e compartimento central espaçoso. A tampa possui bolso na parte de trás com compartimento aonde se encontra uma capa de chuva, para proteger a mochila, e outro na parte interna, em tela e protegido, sendo ideal para levar documentos e pequenos objetos, sendo de fácil acesso. É feita em tecido Ripstop, com fundo reforçado. Tem suporte para sistema de hidratação.

O saco de dormir é outro item fundamental neste roteiro. O que aguenta temperaturas mais baixas, em nossos modelos, é o Super Pluma Gelo, que tem resistência para até 15º C negativos. Possui dupla camada com recheio em Microtech (micro filamentos de fibras siliconadas), que aumentam a retenção de ar e, conseqüentemente, aquecem mais. Pesa 1,7 kg e é feito em náilon ripstop.

Para quem vai acampar, nossa sugestão é a Barraca Cota 2 , uma boa opção peando em peso x benefícios. Feita em modelo iglu, oferece grande estabilidade quanto submetida a ventos fortes. É autoportante, com sobreteto integral e costuras seladas, com respiro para ventilação em dias de chuva, e agora com duas entradas, facilitando o acesso aos dois usuários da barraca.

Para agüentar os ventos da região, e possíveis chuvas, sugerimos o Abrigo Parkha Klima, que é composto por duas peças: um casaco interno de fibra polar e, por fora, um anorak. Tem a opção de se desmembrar em dois, nos momentos mais quentes. Possui impermeabilização para 1.200 mm de coluna d’água, e reforço em pontos mais expostos ao atrito (ombros e cotovelos).

Saiba mais na internet:
www.nahuelhuapi.gov.ar
www.clubandino.org
www.catedralaltapatagonia.com
www.bas.org.br
www.andesascensiones.com

Por Márcia Soares, fevereiro de 2010.

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