Respirabilidade
Como o próprio nome sugere, o tecido respirável tem como objetivo deixar o suor sair do corpo, evitando que a pessoa fique molhada e, consequentemente, perca calor. Especialmente em locais frios ou com neve, é fundamental a manutenção da temperatura corporal para evitar maiores problemas, como a hipotermia, além de dar maior conforto na realização da atividade. Quanto maior for a dificuldade em manter a temperatura na região central do corpo, mais as extremidades irão sofrer, ficando geladas.
A respirabilidade é a propriedade que um tecido tem de transportar o vapor (suor) para o lado externo da roupa, fundamental para manter o equilíbrio térmico. É uma das mais importantes propriedades das roupas para aventura, já que ao realizar uma pequena caminhada o corpo humano pode perder cerca de meio litro de água por hora. Em caminhadas mais puxadas até um litro, e em esforço extremo até quatro litros por hora. Na maior parte das vezes, uma membrana microporosa é laminada na parte interna do tecido, que possui orifícios pequenos o suficiente para deixar passar apenas o vapor d’água, e não as gotículas (em especial as vindas do lado externo, como a chuva). Essa é uma característica interessante da água: ela possui uma tensão superficial que forma as gotas, mas a mantem unida na superficie de uma lago, por exemplo. Já notou que alguns insetos conseguem caminhar sobre espelhos dágua, como poças? Essa tensão superficial da água é o princípio dos micro-furos existentes na laminação dos tecidos respiráveis, que não deixam as gotículas de água penetrar de fora para dentro, mas deixam o vapor do suor sair.
O método de teste mais comum para medir a respirabilidade de um tecido mede a resistência do tecido ou malha em relação à sua capacidade de transferência de vapor. Os tecidos respiráveis são formados por milhões de microporos, menores que uma gotícula, mas maiores que a molécula de vapor, permitindo então que o vapor da transpiração saia com facilidade, sem a entrada da água da chuva.
Os tecidos usados nos produtos da Trilhas & Rumos têm seu índice de respirabilidade medido com base na quantidade de vapor d’água (advindo da umidade do corpo) que passa em um metro quadrado de tecido, durante determinado período (quantidade de água/ área/tempo). Assim, o Abrigo Anorak Storm, por exemplo, tem respirabilidade superior a 5.000mm/m2/24h. Ou seja, 5.000 milímetros d’água, por metro quadrado de tecido, em 24h.
Tecidos tradicionais como o algodão e a seda são respiráveis, porém hidrofílicos, isto é, possuem afinidade com a água e ficam rapidamente encharcados. Por isso eles estão sendo cada vez mais substituídos por tecidos sintéticos (poliéster, acrílico e polipropileno, por exemplo) que não só permitem a saída do suor como, em alguns casos, aceleram-na.
Um ponto importante a considerar é o fato de que a umidade do ar e a temperatura externa afetam a evaporação da umidade do corpo que foi transportada para fora do tecido. Se a umidade externa for baixa e a temperatura mais alta, tecidos respiráveis se comportam de maneira mais eficiente pelo fato de a umidade do corpo ser mais rapidamente dissipada ao atingir o lado de fora do tecido.
Do mesmo modo que na impermeabilização, também na respirabilidade existem modos mecânicos de medição. O método mais comum utiliza uma placa geradora de vapor, muito semelhante àqueles ferros de passar que liberam vapor por orifícios na placa. Essa placa libera uma quantidade controlada de vapor que força a passagem através de um tecido sendo testado. A quantidade de vapor que passa pelo tecido em 24h é medida em gramas (ou seu equivalente em milímetros num tubo graduado. Uma gota de água pesa 0.005 gramas e tem 1.05678mm3 ). O resultado é uma medição de respirabilidade na forma de gramas ou milímetros de água por metro quadrado de tecido por 24h (mm/m2/24h), também indicado como MVT (Moisture Vapor Transmission).
Há um debate válido sobre essa maneira de medir a respirabilidade. Em primeiro lugar, esse teste não está bem padronizado entre os fabricantes: não fica estabelecido o valor das temperaturas antes e após a passagem do tecido, ou mesmo o fluxo de ar seco no lado externo do tecido, o que possibilita resultados nem sempre confiáveis quando compara-se fabricantes entre si. Em segundo lugar, esse é um teste conduzido em laboratório, o que nem sempre representa os ambientes da vida real, onde temperatura e umidade variam, o tecido se dobra e o fluxo de vento externo muda a cada momento. Isso não significa que o MVT seja uma medição inútil, mas sim que deve ser visto apenas como uma referência.
O Brasil, com seu clima predominantemente úmido (exceto em algumas regiões do Nordeste ou em estações secas), nem sempre apresenta as condições ideais para se tirar o melhor proveito da respirabilidade dos tecidos. Mas, de todo modo, é uma característica técnica que vai oferecer mais conforto durante o uso que aquelas encontradas em tecidos que são apenas impermeáveis.
Outro ponto da maior importância é que a lavagem incorreta dos tecidos com tratamento impermeabilizante ou respirante pode destruir essas características rapidamente. Usar máquinas de lavar, fazer lavagem a seco ou deixá-los de molho em sabão ou detergentes agressivos é o modo mais rápido de destruir essas camadas. Pense nesses tecidos como uma roupa cara e delicada. Tente inicialmente fazer a limpeza apenas pelo lado de fora com água pura e uma esponja macia, o que geralmente elimina boa parte da sujeira. Se mesmo assim não conseguir uma limpeza completa, esfregue um sabão neutro na esponja e passe pelo lado de fora. Jamais use tira-manchas, detergentes, amaciantes ou solventes. Deixe secar à sombra em local bem ventilado. Desse modo voce vai desfrutar dessas características técnicas que vão melhorar seu conforto em atividades ao ar livre por muito mais tempo.
Texto: Trilhas e Rumos Ind Com Ltda
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