O relato que descrevo é relacionado a um dos trekkings que realizei com meu amigo Fernando Augusto, nas proximidades da Hidrelétrica de Furnas, MG. Temos um grupo chamado “TriPA!” (Trilhando por Aí) e sempre
organizamos passeios do tipo.
Naquela oportunidade, o Fernando acabara de completar 18 anos e estava feliz por ter conseguido tirar a sua carta de habilitação. Até então, organizávamos os trekkings comigo (10 anos mais velho que ele) na condução dos veículos, ficando naturalmente como o responsável das aventuras.
Aquele dia, porém, cada um fez o percurso em sua própria moto. Outros dois amigos que costumam participar não puderam estar presentes. Escolhemos como destino um famoso cânion conhecido por
“Cascatinha”, com piscinas naturais e cachoeiras, situado aproximadamente a 35 km de nossa cidade (Passos-MG).
Já era final de tarde, um entardecer frio e sem visitantes, tínhamos percorrido todo o cânion e voltávamos para buscar nossas motos.
Antes de pegarmos uma das trilhas que ligam o cânion à rodovia MG-050, meu amigo Fernando pediu que tirasse algumas fotos suas em frente a um paredão escarpado de pelo menos 20 metros de altura. A ideia era que ele ficasse próximo à parede, já que o volume de água que corria era
baixo e permitia a aproximação sem maiores problemas.
Eu estava a quase 100 metros de distância, tentando fazer os registros, quando percebi que ele não se contentou em ficar no solo, fugindo assim do programado. Quando me dei conta, notei que ele já tinha escalado alguns metros daquele paredão de praticamente 90 graus de inclinação:
sem experiência alguma, sem qualquer equipamento de segurança. A partir daí, preocupei-me não mais em fazer as fotos, mas de avisá-lo que descesse e pudéssemos retomar a marcha, pois começava a escurecer. Mas não surtiu qualquer efeito e ele já tinha subido mais alguns
metros.
Neste momento, chegaram dois gaúchos, que transitavam pela estrada e haviam parado para conhecer a Cascatinha. Quando viram meu amigo no paredão, imediatamente se deram conta do perigo que presenciávamos, e me disseram: “amigo, se algo acontecer, estamos aqui, de carro, para
ajudar”. A sensação foi tragicômica. O risco era iminente de uma queda e pouco poderíamos fazer se o pior acontecesse, na verdade. O nervosismo tomava conta de todos nós e o tempo parecia correr em frações de segundos.
Àquela altura, o espaço que faltava para o Fernando terminar a escalada era proporcional àquele que ele havia subido, ou seja, estava na metade da parede. Logo reparamos que não tinha como voltar e a única saída era concluir a escalada.
Como se não bastasse todo o risco, toda a adrenalina e toda a preocupação com uma real fatalidade, subitamente o Fernando fez um gesto abrupto, se virou para nós, apoiado apenas por seus calcanhares em filetes de pedras nas quais ele se mantinha equilibrado, e pediu que tirasse mais uma foto sua. Aquele instante – permitam-me não conseguir descrever – foi o ápice da loucura e quase fomos levados a um ataque cardíaco. Por intervenção de uma verdadeira mão divina, o pior não aconteceu.
Definitivamente, a partir de agora, ele se lembrará daquela data e das recomendações e orientações dos amigos, e de que tudo que fez é totalmente arriscado e nunca mais deve ser feito por nenhum praticante de qualquer esporte de aventuras antes e durante qualquer trekking. Lembrem-se que os fatos relatados nesta história não devem ser tentados ou reproduzidos por mais ninguém, pois é extremamente perigoso e desconsidera todas as regras de segurança em esportes de montanha.
Escrito por
Douglas Arouca.
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