Muitos clientes nos perguntam sobre a impermeabilidade dos tecidos usados em nossa linha de vestuário. Sabemos que essa é uma das características fundamentais quando falamos de prática esportiva na natureza, já que fatores como vento, chuva, frio e calor afetam nosso rendimento.
A Impermeabilidade tem estado presente nos tecidos há bastante tempo. Desde os que são de puro plástico (100% impermeáveis, mas bastante quentes) até tecidos sintéticos ou de fibras naturais com revestimentos impermeabilizantes, todos podem oferecer proteção eficaz contra a chuva ou o frio. A questão da impermeabilidade pode parecer um “tudo ou nada”, ou seja, o tecido é impermeável ou não é. Na realidade, existe um razoável grau de confusão com relação a esse assunto. Então, vale a pena esclarecer. Pelo fato de existirem diversos métodos de se testar a impermeabilidade, muitas vezes encontramos descrições técnicas e números que não são claros. Para se ter uma ideia da diferença entre esses testes, descrevemos abaixo alguns:
– Teste de Mullens – utiliza um jato d’água de curta duração lançado contra um pedaço de tecido suspenso para medir a resistência à passagem da água. Seria como se pegássemos uma mangueira de incêndio e lançássemos o jato sobre um lençol pendurado num varal por uns dois segundos. Nessas condições, mesmo um lençol de algodão conseguiria deter uma boa porção de água. Desse modo, o Teste de Mullens não fornece uma boa noção sobre a proteção que você pode esperar quando estiver em campo, já que os tecidos estão sujeitos a pouca pressão de água por um tempo maior. Mesmo assim, esse teste permanece popular com alguns fabricantes, que divulgam os resultados otimistas deles. Por exemplo, um tecido razoavelmente poroso pode apresentar uma resistência à água de 40 psi (libras por polegada quadrada), enquanto um tecido realmente impermeabilizado muitas vezes apresenta um resultado de 15 psi no Teste de Suter, do qual falaremos mais adiante.
– Teste da Coluna D’água – Esse é o teste mais utilizado para Barracas de Camping, e que posteriormente passou a ser aplicado também em vestuário. Um pedaço de tecido é preso de forma estanque em torno de um tubo vertical de diâmetro padronizado. Esse tubo é progressivamente preenchido com água, que vai pesar sobre a amostra do tecido até o ponto em que se nota o aparecimento das 3 primeiras gotículas que vencem a resistência do tecido. Em seguida, mede-se a altura em milímetros da coluna d’água que se formou no tubo até aquele momento. Isso resulta na “altura da coluna d’água”, ou seja, o máximo peso de água que o tecido suporta antes de permitir sua passagem. Um tecido impermeabilizado que não apresenta vazamento depois de um minuto sob o peso de 1.000mm de água é definido como impermeabilizado a 1.000mm de coluna d’água. É padrão da Trilhas & Rumos utilizar o menor valor encontrado em 3 medições feitas ao longo da largura de um rolo de tecido que será cortado para produzir seus artigos. Muitas vezes, a diferença entre a menor e a maior medição pode superar 50% (comumente as laterais de um rolo apresentam resultados menores).
– Teste de Suter – Esse teste emula o que ocorre no teste da coluna d’água e, ao invés de usar um tubo vertical graduado, usa uma bomba para produzir a pressão equivalente a cada altura da coluna. As versões iniciais desse teste usavam uma pressão de água muito baixa sobre o tecido por longos períodos de tempo, mas isso não representava com exatidão as condições normais de uso, de forma que hoje ele é uma forma de executar o teste de coluna d’água num equipamento muito mais compacto (você consegue imaginar um teste de coluna d’água de 10.000mm, necessitando de um tubo vertical de 10 metros?!). Esse é o teste que utilizamos hoje em dia em nosso controle de fabricação. Um tecido com uma impermeabilização de 1.000mm de coluna d’água já pode ser considerado bastante resistente à infiltração. Como segurança, nossos produtos são impermeabilizados com um mínimo de 2.000mm (caso das Parkhas e Barracas, mas que na maior parte delas terá 3.000mm ou mais) chegando a até 10.000mm (caso do Anorak Storm, por exemplo).
Uma maneira de melhorar a impermeabilidade dos tecidos é usar produtos que repelem a água externamente (antes de atingir a camada impermeabilizante interna). No caso dos sobretetos de Barracas, que têm sua impermeabilidade afetada após 200 horas de exposição ao Sol, é possível aplicar produtos impermeabilizantes usados em estofados, como o ScotchGard, desde que o tecido ainda esteja íntegro (após 300 horas quase sempre o tecido perde sua resistência a rasgos). Também no caso de Barracas, que possuem o sobretetos protegidos contra infiltrações pelas costuras através de uma selagem mecânica, é possível reforçar essa característica usando o Impermeabilizante de Costuras da Coghlans, ref.9596 (a selagem feita com fitas termo-aplicadas também tem vida, que depende muito do cuidado em se guardar o sobreteto sempre seco e em local ventilado, além do número de horas de exposição solar). Em geral, algodão e a maioria das poliamidas têm baixa repelência à água e requerem esse tratamento (com fluorcarbonos ou mesmo silicone). Do contrário, mesmo não deixando a água passar para o corpo, se encharcam rapidamente, prejudicando o conforto e a respirabilidade – outra característica tão importante quanto a impermeabilidade, que vamos tratar separadamente.
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