Dicas de Uso

Rafting

Em 1869, quando o americano John Wesley Powel organizou a primeira expedição para descer o Rio Colorado, nos Estados Unidos, ele não fazia ideia de que esta atividade viria a se tornar uma prática tão difundida em todo o mundo: o rafting, que quer dizer “troncos atados para flutuar no rio-balsa”. Sem técnicas específicas para manobrar os barcos, a expedição de Powel teve vários problemas como capotamentos e choques em Pedras. Os botes usados eram de madeira, sem flexibilidade nenhuma.

Muitos e muitos anos se passaram e outro americano, Nataniel Galloway, revoluciona ao inverter a posição do remador, que passou a conduzir o bote de frente, facilitando as manobras nas corredeiras. Na década de 50, com a evolução e popularização dos botes de borracha, o rafting toma impulso comercial, principalmente nos Estados Unidos. Mas é na década de 80 que a atividade vira esporte, com técnicas específicas, especialmente com a invenção do bote com sistema auto escoante, isto é, toda água que entra sai automaticamente, por furos existentes nas laterais do fundo.

No Brasil, a história do rafting é mais recente. Os primeiros botes para corredeiras chegaram por aqui em 1982, quando foi montada a primeira empresa brasileira de rafting: a TY-Y expedições, que no início operava no Rio Paraibuna do Sul e Rio Paraibuna, ambos em Três Rios, no estado do Rio de Janeiro.

Hoje, a descida de rios e corredeiras com botes é uma atividade praticada em equipes de 5 a 10 pessoas e qualquer pessoa pode experimentar, desde que tenha orientação e equipamentos adequados. É recomendável também saber nadar e ter pelo menos 12 anos de idade.

Existem várias empresas especializadas em rafting. Ao escolher uma, vale a pena se certificar se a agência trabalha dentro das normas de segurança estabelecidas pela Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa) ou pela International Rafting Federation (IRF), organização que além de regular o esporte em nível internacional,  promove e regulamenta os campeonatos, entre eles o Campeonato Latino-americano de Rafting e o Campeonato Mundial.

Devido a seus diferentes graus de dificuldade, o rafting pode ser praticado como uma simples atividade de lazer (não é necessário ter experiência) ou como um esporte bem técnico. Os rios são avaliados em seis níveis de dificuldade. O rafting comercial é praticado normalmente nas classes II, III e IV. Na classe II existem corredeiras leves para iniciantes. A classe III necessita alguma habilidade com corredeiras mais fortes e a classe IV só deve ser feita com pessoas experientes. A classificação é determinada pelo desnível do relevo, pelo nível de água do rio e pelo conjunto de corredeiras de níveis parecidos.

Mais do que uma descida de rio, o rafting é uma atividade desportiva que traz muita aventura, trabalha o espírito de grupo e integra o homem à natureza. Portanto, como em outros esportes realizados ao ar livre, vale a pena ficar atento aos princípios de mínimo impacto sociais e ambientais, como: não jogar nenhum lixo no rio e levar embora todo lixo que produzir; cuidar da mata ciliar, a que margeia os rios, não retirando nenhuma vegetação; evitar locais com perigo de erosão e desmoronamentos; respeitar as populações ribeirinhas, sendo simpático e cordial; não fazer barulho desnecessário nos locais; e, entre outras coisas, sempre respeitar o rio, especialmente nos dias de muita água.

Equipamentos do rafting

Apesar de não exigir muitos equipamentos pessoais específicos, alguns itens devem ser considerados ao se partir para uma descida de rio. Estes equipamentos variam de acordo com as características do local e da atividade. Se a excursão for feita com alguma empresa do ramo, provavelmente ela fornecerá todos os equipamentos necessários. Confira os equipamentos usados:

Bote: O bote tem de estar de acordo com os objetivos do grupo e as características da corredeira. É feito de um material resistente, o hypalon. Esse tecido é uma mistura de fibra de poliéster e neoprene. O tamanho varia entre 3,65m até 5,50m. Quanto maior o tamanho do bote melhor a estabilidade. Levam entre 5 e 10 pessoas.

Remos: Devem ser o mais leve e resistente possível. Podem ser de plástico ou de fibra de carbono.

Cabo de resgate: Item fundamental. Trata-se de uma corda elástica com aproximadamente 20 metros, colocada dentro de um saco. No caso de alguém cair do bote, joga-se o saco e puxa-se a ponta da corda. O resgatado deve se agarrar no saco.

Caiaque de segurança: É muito utilizado pelas operadoras de rafting, que usam o recurso do safety kayak para dar apoio aos clientes.

Capacete: Deve apresentar regulagem interna, para acomodar os diversos tamanhos de cabeça.

Colete salva-vidas: O modelo ideal para o rafting deve ter uma alta flutuação, sistema de fechamento com presilhas reguláveis e um flutuador para cabeça.

Roupa de neoprene: O tempo chuvoso não atrapalha de forma alguma as descidas de rios. Entretanto, no caso de tempo frio, é comum o uso de roupas de neoprene. Ela também aquece o corpo em rios cuja temperatura da d’água é menos agradável, prolongando, assim, a permanência no passeio.

Calçado: Dá mais conforto o uso de calçados especiais, com solado de borracha. Oferece proteção aos pés, que invariavelmente ficarão molhados quase todo o tempo. Além disso, proporciona melhor fixação do participante no bote, maior estabilidade nas pedras (no caso de precisar andar dentro do rio) e sua segurança numa situação de queda do bote.

Onde praticar

Em termos internacionais, os melhores rios do mundo para o rafting, adequados para os praticantes mais experientes, estão localizados no Zimbábue (Zambezi, classificação V), Estados Unidos (Cheery Creek, V+), Áustria (Teufelsschlucht, V) e Nova Zelândia (Kaituna, V+).

Mas o Brasil não fica atrás. Devido à nossa rica natureza, o país oferece muitas opções de rafting, com corredeiras tanto para principiantes, como para os mais avançados no esporte. A cidade de Brotas, no estado de São Paulo, é considerada uma referência para o esporte, não só pelas favoráveis condições naturais, mas pela ótima infraestrutura que oferece.

Para canoístas experientes como José Roberto Pupo, da Canoar Rafting e Expedições, a descoberta de bons rios para a prática da atividade, com segurança, depende de três fatores essenciais: localização, infraestrutura operacional e local, e várias corredeiras em um trecho pequeno.

Conheça os principais rios onde é realizada a prática do rafting no Brasil: de Contas (Itacaré, BA),  do Limão (Mata São João – Costa do Sauípe, BA), das Fêmeas (São Desidério – Barreiras, BA), Jucu (Domingos Martins, ES), das Almas e dos Peixes (Pirenópolis, GO), Doce (Aparecida do Rio Doce, GO), Tenente Amaral (Jaciara, MT), das Velhas (Uberlândia, MG), Capivari (Lavras, MG),  Jaguari (Extrema, MG), Cachoeira (Antonina, PR), Iapó (Castro, PR), Tibagi (Tibagi, PR), Macaé (Casimiro de Abreu, RJ), Mambucaba (Angra dos Reis, RJ), Paraibuna (Três Rios, RJ), Paraíba do Sul (Sapucaia, RJ), Preto (Visconde de Mauá, RJ), Ribeirão das Lages (Piraí, RJ), Caí (Gramado/Nova Petrópolis, RS), Carreiro (Bento Gonçalves, RS), das Antas (Nova Pádua, RS),  Guaporé (Encantado, RS), Paranhana (Três Coroas, RS), Santa Cruz (Gramado, RS), Itajaí-Açu (Ibirama/Lontras/Apiúna, SC), Hercílio (Rafael/Ibirama, SC), Neisse/Benedito/Itajaí-Açu (Indaial, SC), Jacaré Pepira (Brotas, SP), Juquiá (Juquitiba, SP), do Peixe (Socorro, SP), Paraibuna (São Luís do Paraitinga, SP), Pardo (Caconde, SP) e Novo (Jalapão, TO).

Fontes de informação

http://oradical.uol.com.br/rafting
http://www.ciaderafting.com.br/
http://www.ativarafting.com.br/
http://www.webventure.com.br/rafting
http://360graus.terra.com.br/rafting/
http://www.trilhaseaventuras.com.br/atividades/index.asp?id_atividade=7

Por Márcia Soares, abril de 2009.


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