Dicas e Roteiros

Parque Nacional da Serra da Capivara


O Parque Nacional da Serra da Capivara detém o título de maior concentração de sítios arqueológicos do Brasil. Não é pouca coisa… Este parque é uma verdadeira viagem no tempo. Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade conferido pela Unesco em 1991, ele está situado a 530 km de Teresina, capital do Piauí. Vale a pena dedicar uns três ou quatro dias para conhecê-lo.

A cidade de São Raimundo Nonato serve de base para os visitantes e abriga o Museu do Homem Americano, com acervo montado a partir das peças encontradas nas explorações arqueológicas realizadas na área do parque. Desde 1994 o parque é gerido pela Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), que assinou um convênio de co-gestão com o governo federal.

Este foi o primeiro parque nacional a proteger a caatinga. Caatinga quer dizer, em tupi, “floresta branca” e este nome vem da cor dos troncos das plantas que, desta forma, se protegem do intenso sol nordestino. Protegê-la é proteger um importante e rico ecossistema de nosso país. O local é deslumbrante. Ali já foi fundo de oceano e densa floresta tropical, hoje transformado no quente deserto da caatinga, mas com nichos da antiga floresta, presentes em estreitos e úmidos cânions (boqueirões, na linguagem local).

A rocha é um testemunho do antigo oceano que ali existiu, com arenitos avermelhados e conglomerados brancos e amarelados, esculpidos pela ação do tempo. A vida se desenvolve neste lugar graças a uma formação peculiar: os caldeirões, depósitos naturais de água da chuva, escavados pela erosão. Um passeio aqui é uma aula de arqueologia.

O parque abriga uma densa concentração de sítios arqueológicos, a maioria com pinturas e gravuras rupestres, nos quais se encontram vestígios extremamente antigos da presença do homem (100.000 anos antes do presente). Atualmente estão cadastrados 912 sítios, entre os quais, 657 apresentam pinturas rupestres, sendo os outros sítios ao ar livre (acampamentos ou aldeias) de caçadores-coletores, são aldeias de ceramistas-agricultores, são ocupações em grutas ou abrigos, sítios funerários e, sítios arqueo-paleontológicos.

Sua relevância arqueológica é inegável. Estudos realizados na área demonstraram que, ao contrário do que afirmava a teoria clássica antiga, o homem penetrou no continente americano muito antes de 30.000 anos. Esta descoberta gerou uma polêmica científica internacional. Escavações feitas no sítio Toca do Boqueirão da Pedra Furada permitiram a descoberta de vestígios que foram datados pela técnica do carbono 14, alcançando até 48.000 anos. Restos de pinturas foram encontrados em camadas tão antigas, que representam as primeiras manifestações de arte pré-histórica americana. As escavações, sondagens e coletas de superfície forneceram abundante material sobre as atividades de populações que ocuparam a região há cerca de 50.000 anos até a chegada dos colonizadores brancos.

Mas nem sempre esse rico patrimônio foi protegido. O parque é cercado por comunidades muito pobres, algumas das quais exploravam roças no interior dos limites atuais do Parque. Estas populações dificilmente compreendem a necessidade de proteger espécies animais e vegetais uma vez que os seres humanos apenas logram sobreviver. Assim, a população local depredava as comunidades biológicas e o patrimônio cultural do Parque Nacional e áreas circunvizinhas, pela caça, desmatamento, destruição de colméias silvestres e a exploração do calcário de afloramentos, ricos em sítios arqueológicos e paleontológicos.

Hoje o parque está muito bem estruturado para a visitação e conta com mais de dez circuitos compostos por várias trilhas para acessar os sítios arqueológicos e lugares de interesse natural para visitar monumentos geológicos, a paisagem, formações vegetais, aves e outros animais, sem perigo para as pinturas e para os visitantes. Certas trilhas foram utilizadas pelo homem na pré-história, sendo comum achar abrigos pintados em ambos os lados. O Centro de Visitantes do parque fornece orientação de como fazer as trilhas, além de indicar os guias especializados, que obrigatoriamente acompanham os turistas nas caminhadas.

Nas proximidades do parque há pousada, albergue estudantil e área de camping. O mais próximo fica no Sítio do Mocó, uma comunidade que está nas bordas do parque e de onde se pode sair andando para alguns atrativos da Capivara, como alguns cânions e o cartão postal da região, a Pedra Furada, uma abertura de 15 metros de diâmetro num paredão com mais de 60 metros de altura que impressiona todos os visitantes. São Raimundo Nonato também oferece outras opções de pousadas. Os restaurantes da região são simples, mas oferecem pratos regionais, como os preparados com carne de bode, iguaria quase desconhecida no resto do país, mas muito utilizada no sertão nordestino.

Para além de sua riqueza arqueológica, o parque dispõe também de diferentes trilhas preparadas para a visitação, apresentando diferentes graus de dificuldade. Algumas são longas e atravessam terrenos de difícil acesso. A Toca do Boqueirão da Pedra Furada apresenta inscrições de vários períodos pré-históricos em um paredão com 70 m de largura. No Sítio do Meio, além das pinturas, os arqueólogos encontraram vestígios de instrumentos usados pelos antigos habitantes, como objetos de pedra lascada e fragmentos de cerâmica. Também merecem destaque o Baixão das Andorinhas, onde todo final de tarde há uma revoada de andorinhas, e o Desfiladeiro da Capivara, que era usado como passagem pelas antigas populações locais.

Como chegar

O principal ponto de referência para acesso é Petrolina, cidade pernambucana que fica a 350 Km do parque. A cidade dispõe de um aeroporto que opera vôos regulares ligando a região com Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.

De Petrolina e também de Teresina saem ônibus para São Raimundo Nonato. Agências de turismo especializadas em ecoturismo costumam oferecer pacotes completos para visitas à Serra da Capivara.

Serra da Capivara com Trilhas & Rumos

Por se tratar de trilhas que não exigem pernoite, uma boa dica é levar para a Serra da Capivara uma mochila que tenha tamanho versátil o suficiente para ser usada nas atividades diárias. Uma sugestão é aCrampon 38, que possui bolso frontal e acesso pelo fundo, além de bolsos laterais para colocação de cantis e bolsinhos menores na barrigueira para coisas pequenas. Outra boa opção para caminhadas curtas é oEstojo Acqua, pochete leve, com bolso interno para documentos e suporte para duas garras de água.
Aliás, hidratação é um item que não pode ser esquecido em uma região de sol árido como na Caatinga. A Trilhas & Rumos possui várias opções de cantis, entre eles o Cantil Flexível Hidrat 2, que comporta dois litros de água e é adaptável a diversos modelos de mochilas. A saída de água é feita por uma mangueira que, conectada ao cantil, chega até a boca do usuário e permite que ele beba mesmo em movimento.
Para os que vão acampar, a barraca Bivak 1 é recomendável. Ela acomoda uma pessoal confortavelmente, com sua bagagem pessoal, e tem apenas 1,7 Kg! Para duas pessoas a melhor alternativa é a barraca Cota 2, que pesa 3,3 Kg. Com formato iglu, seu modelo possui duas entradas e armações marcadas com sistema de cores para facilitar a montagem.
Sites relacionados:
http://www.fumdham.org.br/parque.asp
http://www.revistaturismo.com.br/Ecoturismo/serracapivara.html
http://ecoviagem.uol.com.br/blogs/expedicao-mamelucos/boletins/parque-nacional-da-serra-da-capivara-395.asp
http://www.iphan.gov.br/bens/Mundial/p9.htm
http://planeta.terra.com.br/educacao/meuambiente/parque_capivara.htm
http://www.jpnr.com.br/lugares/serra_da_capivara.htm

Por Márcia Soares, julho de 2009.


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