“Um perrengue fraternal” – creio que está é minha mais sincera definição para esta divertida aventura que fiz com meus amigos há alguns anos.

Éramos cerca de 20 pessoas com a missão de encarar uma espécie de corrida de regularidade, organizada por um de nós.

Sabe a corrida de regularidade? Aquela em que, com o auxílio de uma planilha, percorremos um caminho por diversos pontos de referência usando informações como distância e direção? Essa mesma!

O único “porém” (“poréns”, como sabemos, são sempre emocionantes!) é que a aventura seria realizada de bicicleta.

O amigo que organizou tudo foi nos acompanhando de carro, enquanto pedalávamos pelas estradas de barro no interior da Região dos Lagos, RJ. Ao chegar em nosso destino, passaríamos a noite acampados.

A viagem foi cansativa e sob um intenso sol. Mesmo assim nos divertíamos enquanto nos perdíamos pelo caminho: pedíamos ajuda aos simpáticos moradores locais, para então nos encontrarmos de novo!

Mas o cansaço caminha junto com a fome, e começamos a procurar um local para almoçar e repor as energias. Foi assim que encontramos aquela adorável pensão em São Vicente, eternizada em nossas memórias, onde almoçamos por umas três horas, tamanha a fome!

Finalmente, depois muitos quilômetros de pedalada e muitos morros para subir, chegamos a nosso destino. E tudo valeu a pena, pois fomos recebidos por uma linda paisagem de campo a beira d’água com um sol a se pôr.

Rapidamente montamos o acampamento e em seguida nos dirigimos para uma parte mais abrigada, onde começamos os preparativos para a janta. E quando parecia que nossa aventura estava acabando, percebemos que na verdade só estava por começar! O que ocorreu? Simples! Enquanto nossa deliciosa macarronada ia tomando forma, começamos a sentir respingos vindos do céu.

‘Como assim?’ – pensávamos – ‘quase não havia nuvens ainda há pouco!’. Foi quando nos demos conta de que o céu não estava mais tão limpo assim, e uma densa nuvem se aproximava.
Já era de noite, e nos concentramos em terminar a refeição enquanto o céu começava a desabar sobre o acampamento.

Choveu muito… ah, como choveu! Aguardamos por um bom tempo e, quando a chuva ficou mais fraca, caminhamos receosos de volta até o acampamento para ver o que nos esperava.

Dei meu primeiro passo e, ao levantar o pé, meu chinelo ficou no chão: havia sido engolido pelo barro enlameado! Sim… o acampamento estava completamente alagado. E ainda chovia…

Já sem os chinelos (pois o segundo também se perdeu a levantar o outro pé!) corri para minha barraca.
“Como será que ela estava?” – pensei. A esperança é a última que morre, realmente: minha barraca era daquelas baratinhas, de má qualidade e, logicamente, estava mal. Muito mal. Para ilustrar melhor, praticamente havia um rio correndo por dentro dela. Assim, alguns de nós não tínhamos onde dormir!

Mas felizmente, é nessas horas que a amizade se mostra mais forte, e os desabrigados (como eu) foram acolhidos em outras barracas para poder passar a noite. Nesse espírito comunitário fui parar em uma Super Esquilo da Trilhas & Rumos. Que alegria foi poder dormir seco, sem água minando por dentro da barraca, mesmo tendo o mundo ruído do lado de fora!

E ao amanhecer tivemos uma única constatação: a chuva só serviu para tornar essa aventura única para todos nós, uma vez fomos despertados por um céu limpo emoldurando um sol maravilhoso! O ocorrido foi tão surpreendente que nem mesmo tínhamos do que reclamar, somente sorrir e celebrar as histórias que agora tínhamos para contar!

Por fim, penduramos todas as nossas roupas molhadas em uma cerca, para que pudessem secar um pouco – na verdade, penduramos praticamente tudo o que tínhamos, já que quase nada escapou da água! Tomamos nosso café da manhã e curtimos mais um pouco o local antes de
encerrar a viagem.

E de lá trouxemos somente boas histórias e uma amizade para toda a vida!

Um grande abraço,

Daniel Coutinho